sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Verde que te quero ver

-Você já procurou o significado da palavra "verde" no dicionário?
-Não.
Ver.de
(ê) adj 2 gên 1. Diz-se da cor que resulta da combinação do azul com o amarelo; 2. da cor das ervas; 3. diz-se da planta que ainda tem seiva, não está seca, e do fruto que ainda não está maduro; 4. diz-se da carne fresca; 5. diz-se de uma qualidade de vinho ácido; 6. fig que ainda não se desenvolveu completamente; 7. que se refere aos primeiros anos da existência; 8. forte, vigoroso; 9. inexperiente; 10. tenro, mimoso, débil; sm 11. a cor verde.
-Agora leia como se não tivessem pontos, siglas, e veja o que acontece.
Verde
: diz-se da cor que resulta da combinação do azul com o amarelo, da cor das ervas. Diz-se da planta que ainda tem seiva, não está seca, e do fruto que ainda não está maduro. Diz-se da carne fresca. Diz-se de uma qualidade de vinho ácido, daquilo que ainda não se desenvolveu completamente, àquilo que se refere aos primeiros anos da existência. Forte, vigoroso, inexperiente, tenro, mimoso, débil. A cor verde!
-Nossa!
-É. Não parece uma poesia?

domingo, 23 de agosto de 2009

Conversas de boteco

Estava escrito: "aposte a sua vida, ela sempre ganha". Pensei alto, "talvez ela sempre ganhe mesmo, contra seja-lá-o-que-for". Ela ouviu e logo retrucou, "na verdade, é a frase de um amigo. 'Vou ver se aposto a vida no bingo, prá ver se ganho'. Filosofia de boteco, sabe?".
E eu, continuando, "adoro essas filosofias. No jogo do bicho, será que a vida ganha? Hahahaha. Não deve ter "humano" lá; eles contam apenas os irracionais, né. Que, aliás, às vezes são mais racionais do que os próprios seres humanos (se é que podem ser chamados assim).
Como diria João Antônio, "cada um defende a sua e atira na do outro". Aposte sua vida no jogo, só pra ver se realmente ela sempre ganha no jogo da vida.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Se nada mais der certo


Quando acontecer -se acontecer- você vai continuar a roer as unhas, e elas vão continuar a te corroer. Ninguém nunca te ensinou a não ser roubado. Mas a roubar... já é outra história. Não tem dias em que você gostaria de ser uma pipoca? É, uma pipoca. Uma pipoca que explode toda vez que esquenta. 'BUM!'. Claro, isso tudo só Se Nada Mais Der Certo.
YouTube. Assista!

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Na Espera

Em 1988 existiam 376 registros com seu nome no Serasa, sim, aquele limbo para onde levam os nomes de pessoas inadimplentes. Logo, tudo o que ele fazia tinha de ser comprovado. Não era nenhum daqueles 376, apenas teve a infelicidade de ser batizado com o mesmo nome, e ser filho de uma mãe Alves e um pai Silva. Até hoje alguns equívocos ainda acontecem.
Hoje, no ano de 2009, seu José Alves da Silva, um velhinho de 77 anos, tem câncer de pele e quer se curar. Buscou os serviços do Estado e, novamente, por infelicidade do "maldito" nome -como o mesmo diz-, sua biópsia fora trocada com a de outro José Alves da Silva, que, por sinal, tem câncer de pulmão e não de pele.
O conheci na sala de espera, enquanto Margarida salvava Maria. Ele contou sobre o Serasa, sobre a troca da biópsia e disse que estava ali para resolver pela quinquagésima vez esta história. Indignado, disse que se o Estado, os médicos, e os funcionários daquele hospital não sabiam, o câncer estava a crescer e não ia esperar a boa vontade de outros. Mais brasileiro do que sr. José Alves da Silva, impossível!

sábado, 8 de agosto de 2009

Névski, Paulista, Times Square e Dropsie

Ao mesmo tempo em que a menina de All Star, jeans e iPod nos ouvidos anda apressada pela calçada da vida, o chale azul claro da moça que está a passar fica preso no botão da bolsa feita de couro da outra que o solta com rara gentileza; a moça bonita, sozinha a andar, avista um amigo que não vê há tempos e como uma surpresa pula na frente dele para dar um abraço saudosista; a mendiga fedida enrolada em sacos plástico faz uma súplica aos céus para que ao menos uma moedinha caia em seu potinho de esmolas, e que por favor, “meu santo Deus!”, nesta noite não chova no seu papelão.
Enquanto os carros passam em um movimento frenético quase que indestrutível e as pessoas não se olham mais nos olhos, o ambulante de filmes piratas oferece aos seus possíveis fregueses uma promoção de “três por dez” para conseguir uns grandes trocados e voltar para sua terra de origem antes que o Rapa chegue; as madames de bolsas e casacos de pele animal passeiam empinadas, olham os óculos escuros na vitrine, e compartilham futilidades indizíveis sobre seus maridos empresários provedores do pão de cada dia de seus filhos que cultivam a infidelidade com a secretária de óculos e saia no corpo colada sem que elas saibam.
Em outra esquina um homem moribundo de terno e chinelos, grita pedaços da bíblia para que todos ouçam a palavra de um suposto Deus, que para ele existe e se personifica na forma de um cifrão dourado e vezenquando prateado; na frete da vitrine da livraria estão todos os lançamentos literários-contadores-de-histórias estampados a serem mostrados para a multidão que passa, e nem os percebe, nem os vê; como em uma crônica de João do Rio, um jovem-homem senta na mesa de um bar, pede uma dose de uísque e ali fica a observar toda, toda, toda essa melancolia.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Coisas D'alma

Todas as músicas que se mostravam no toca-fitas, sabia de cor e salteado, sem errar o compasso e o tom de um refrão sequer. No caminho, perturbada e um tanto quanto intrigada com tal fato, a outra ao seu lado indagou:
-Escuta, como é que você sabe todas essas músicas?
Olhou para ela com um certo ar desimportante e continuou a cantarolar.
-Não é possível.
Cantarolava, cantarolava, cantarolava.
-Hein? Hã? Como é que é?
Desconfiada e insistente, continuou:
-Mas hein! Mo diga!
Cantarolava, cantarolava, cantarolava.
-É. Tá na alma, né? Só poderia. Eu sabia.
Continuou a cantarolar como se fosse a única resposta. E de fato: foi, era e é. Quem é capaz de compreender certas coisas d'alma?

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Agosto

Para atravessar agosto é preciso antes de mais nada paciência e fé. Paciência para cruzar os dias sem se deixar esmagar por eles, mesmo que nada aconteça de mau; fé para estar seguro, o tempo todo, que chegará setembro—e também certa não-fé, para não ligar a mínima às negras lendas deste mês de cachorro louco. É preciso quem sabe ficar se distraído, inconsciente de que é agosto, e só lembrar disso no momento de, por exemplo, assinar um cheque e precisar da data. Então dizer mentalmente ah!, escrever tanto de tanto de mil novecentos e tanto e ir em frente. Este é um ponto importante: ir, sobretudo, em frente.

Caio F. - Sugestões Para Atravessar Agosto

Aaaaah! (suspiros)
Um brinde ao mês do Cachorro-Louco que chegou pra atarzanar! Timtim.