sexta-feira, 28 de maio de 2010

Vem, deita aqui. Repousa teu amor em mim. Esse lugar é teu. Alguém me disse uma vez que nada acontece por acaso e hoje eu entendi. Entendi que a que vim. E que esse ombro é teu. Aquele abraço foi o melhor do mundo. Aquela imagem de você me olhando, pedindo para que o abraço nunca mais terminasse não sai da minha cabeça. Ai! Porque eu não voltei? Quero te abraçar e não largar mais, até os meus braços não serem suficientes! Nunca mais! Você me prometeu, e há de cumprir. Meu Deus, você enxerga como eu. Vem, deita aqui. Repousa teu amor em mim. Vem cá que eu vou dizer pra você que vai ficar tudo bem. Sozinho você não está. Você me tem. Repousa aqui, vem. Vem que eu te mostro alguém a fim de te acompanhar se o acaso for te levar.

sábado, 22 de maio de 2010

Felicidade sim

_O que é isso?
_Depois eu explico!
_Não, explica agora!
_Tá, é um maço de cigarro.
_Ah, é? E desde quando você fuma?
_Desde ontem, quando eu comprei esse maço. Ah! 
Eu estava nervosa e com vontade, me deixa.
_Ah. - levantou-se bruscamente e foi para o outro lado.




_Tá vendo, era só o que me faltava agora. - resmungou para ela à sua frente.
_Você sabe que não precisa disso.
_Tá, eu sei. (Mas queria tanto que os meus vinte amigos dentro daquela caixinha se transformassem em pessoas. Talvez pudessem, como a composição de todo cigarro, serem passificadores de um stress passageiro).



_E aí, irmão, tem uma moedinha?
_Puts, cara, não tenho nada. Você tem?
_Espera. Nada aqui. Ah! Eu tenho um maço de cigarro, você quer?
Te dou inteiro e mais um isqueiro. Topa?
_Ôpa, tá brincando! - e o mendigo arregalou os olhos de Felicidade.
_Não, é todo seu. - e sorriu.
_É a solução para quem está tantando parar. - disse Ele.
_Cara, a gente fuma né, fuma. Mas sabia que fumar maconha é melhor do que cigarro? Obrigado, hein. Fica com Deus! - agradeceu o moribundo.

_Agora sim. Você me encheu de orgulho. - e deu o beijo mais doce Nela, sem nicotina alguma.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Dois baldes, um em cada mão

_Cara, deixa eu te contar uma coisa?
_Manda!
_SURTEI!
_Ah, tá. E como foi esse surto aí? Subiu num prédio com uma metralhadora?
_Hm, é... Quase isso. Metralhei lágrimas em uma lanchonete.
_Tenho dois ombros aqui e dois baldes, um em cada mão. Topas?

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Dilogando Filosoficamente

"Eu estava me sentindo muito triste. Você pode dizer que isso tem sido freqüente demais, ou até um pouco (ou muito) chato. Mas, que se há de fazer, se eu estava mesmo muito triste? Tristeza-garoa, fininha, cortante, persistente, com alguns relâmpagos de catástrofe futura. Projeções: e amanhã, e depois? e trabalho, amor, moradia? o que vai acontecer? Típico pensamento-nada-a-ver: sossega, o que vai acontecer acontecerá. Relaxa, baby, e flui: barquinho na correnteza, Deus dará. (...)

_tudo azul da cor do mar?
_tudo ficando azul da cor do mar. tô botando ordem no barraco. - risos. E tú?
_Súmemo, tem que dar a geral! Eu estou blues marinho.
_Blues marinho. E isso é bom? - risos.
_Pô isso é quase o top do melhor!
É nada. Tô bem, mas poderia estar melhor, e feliz por que poderia estar pior.
_Mas a vida é assim, meu bem . - risos.
Estamos todos no mesmo barquinho de vai e vem
_Eu até gosto desse vai e vem, o problema é que barquinho enjoa.
_É vero. Não tinha pensado nisso.

A questão é toda essa: fluir. Tão difícil deixar fluir. Mas é o que precisa ser feito agora. Virar barquinho, mesmo. Relaxar e observar o caminho, a paisagem, perceber minha respiração sempre tão junta da respiração do meu pequenino. E assim vamos fluindo, juntos. Correnteza leve, por favor. Que não estamos assim muito prontos pra grandes tormentas. Tá tudo bem na verdade. É só uma questão de se encontrar. Porque as vezes eu me perco e fico me procurando, e não me acho. Mas quem sabe assim, deixando que a água vá me levando, não dá certo, né? Deus dará..."
Caio F.

terça-feira, 18 de maio de 2010

O Rio de Janeiro continua lindo!

O Rio de Janeiro Continua cheio!
O Rio de Janeiro Continua sendo!
O Rio de Janeiro Fevereiro e águas de março!
Alô, alô, chuvarada
Aquele Abraço!
Alô torcida da esperança
Aquele abraço!
A polícia continua
Enchendo a pança dos bandidos
E buzinando para as moças
E comandando a massa
E continua achando que dá
As ordens no “terreiro”


Alô, alô, seu João da Padaria
Velho guerreiro
Alô, alô, Dona Maria dos quitutes
Rio de Janeiro
Alô, alô, senhor cidadão
Velho palhaço
Alô, alô, tia Cecília
Aquele Abraço!
Alô moça da favela
Aquele Abraço!
Todo mundo da Portela
Aquele Abraço!
Todo mês de fevereiro
Aquela chuva!
Alô Banda lá dos céus
Aquele Abraço!
O bombeiros continuam
Procurando nos destroços
E escavando para as vidas
E comandando o mutirão
E continua achando que dá
As ordens pro terreno
O caminho pelo mundo

Todos eles que traçaram
A Bahia já lhes deu
Régua e compasso
Quem sabe deles são eles
Aquele Abraço!
Prá você que lhes esqueceu
Chuááááááá!
Muita chuva!
Alô povo de baixo
Vá à merda!
Todo pobre brasileiro
Aquele Abraço!

sábado, 15 de maio de 2010

Utopia x Barbárie

Utopia é sonho. Barbárie é realidade. Utopia é sonhar. Barbárie é violência. Utopia é Thomas Morus. Barbárie é heavy metal. Utopia é Américo Vespúcio e Fernando de Noronha. Barbárie é revolução e guerra. Utopia é vida. Barbárie é morte. Utopia é antiga, velha. Barbárie é moderna, é nova, é fresquinha.

Utopia é a geração sonhadora de 1968. Barbárie é o ano 2000, o “Bug do Milênio” e as profecias de Nostradamus. Utopia é a mentira. Barbárie é a verdade. Utopia é a construção do muro. Barbárie é a queda do muro de Berlin. Utopia é socialismo. Barbárie é o neoliberalismo.

Utopia é sonho. Barbárie é a inauguração do séc. XXI. Utopia é tragetória. Barbárie é distinção. Utopia é revolução. Barbárie é golpe. Utopia é dormir. Barbárie é acordar. Utopia é escola de Frankfurt. Barbárie é Marshall McLuhan. Utopia é calmaria. Barbárie é tumulto de ideias. Barbarie é vida. Barbárie é sentir. Barbárie é instinto.

Utopia é bobeira. Barbárie é inteligência. Utopia é ordem. Barbárie é desordem. Utopia é navegar. Barbárie é ancorar. Utopia é ler. Barbárie é queimar. Utopia é governar. Barbárie é revolucionar. Utopia é sonhar com a sociedade perfeita. Barbárie é ligar a televisão.

E ah, era exatamente isso que eu queria dizer.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Rick Martin é cria da Madonna

Há um tempo, nos tablóides, as manchetes principais eram, "Madonna quer dar a luz a um filho de Jesus Luz”: a queridinha do pop americano de vanguarda, Madonna, de 51 anos – idade da minha mãe – andou consultando especialistas em fertilidade, porque quer ter um bebê com Jesus Luz, seu atual namorado há dois anos, de 22 anos e também, modelo e DJ e brasileiro nas horas vagas.

Segundo o The Sun, a Rainha do Pop que já tem quatro filhos, dois biológicos, filhos de Guy Ritchie e outros dois adotados, quer porque quer tentar uma nova gravidez. Afinal, logo irá completar 52 anos e certamente fica complicado dar a luz – não para Madonna, ui! – nesta idade. Realmente, proezas assim são só dignas de rainhas, não? Ninguém segura essa mulher. Haja, luz, Jesus!

Mais tarde, entre as mais lidas estava a manchete, "Madonna e Jesus Luz terminaram, diz tabloide britânico" . Motivo? A grande diferença de idade e agenda atribulada de ambos. É. C'est la vie. Mas nada aconteceu, depois de todas as falácias, a Madonna apareceu no carnaval e claro, estão juntos até hoje. Mas, você deve estar se perguntando, “o que isso tem a ver com o Rick Martin?”.


Quando me pediram para escrever um texto sobre ele ter assumido sua homossexualidade, logo pensei em grandes polêmicas. E a Madonna é a rainha delas. Desde o começo de sua carreira foi revolucionária, quebrou tabus, abusou da sexualidade e até hoje causa frisson na grande imprensa e em modelos brasileiros como vimos anteriormente.

Em março deste ano, Rick Martin assumiu sua homossexualidade para quem quisesse ouvir. Ou melhor, ler. O cantor latino escreveu em seu site, “Juro a vocês que cada palavra que estão lendo é fruto de amor, purificação, aceitação e desprendimento. Escrever essas linhas significa ter paz interna, parte vital da minha evolução”.

Ao fazer este movimento de auto-aceitação, o cantor, que tem dois filhos gêmeos adotivos, criou uma polêmica. Algumas vozes diziam que só não via que ele era gay quem não quisesse e que ele ter assumido não foi novidade nenhuma. Outros já diziam que era uma pena, afinal, bonito do jeito que é, seria um desperdício.

Mas não se trata disso. A questão não é esta. O buraco, definitivamente é mais embaixo. O fato é que não há problema nenhum em assumir a homossexualidade ou ter um namorado muitos anos mais novo que você. O grande incômodo é que são pessoas públicas e tem, de certa forma, que se reportar à sociedade para garantir sua tranqüilidade ao deitar a cabeça no travesseiro. O que jamais deveria acontecer.

Mudou algo na sua vida saber que Rick Martin é homossexual, ou que a Madonna namora e quer ter um filho legítimo de Jesus Luz? Um é cria do outro. Ela puxou a fila, e ele é apenas mais uma das crias que, como ela, revoluciona e incomoda a chamada, “vida em sociedade”. É uma bela cutucada. Deixa ser gay. Deixa ser diva. Deixa que tenham filhos e sejam felizes de carne e osso como são. Eles podem.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Preciso dizer o que aconteceu com a toalha?

Olhou pra ele, e deu um beijo no vidro suado do calor que vinha da água do chuveiro.
_. Sabe, namorar atrapalha às vezes. - arregalou os olhos:
_. Como é? Ué, então porque você namora? - Continuou a se ensaboar:
_. Pelo simples fato de que eu amo você? Será que é por isso? - ficou pensativa. Ele continuou:
_. É que assim, não é bom que as pessoas saibam, entende? Não é bom para o meu status. -continuou a se ensaboar, e vezenquando bebia a água do chuveiro e cuspia - E outra, meninas não combinam nem um pouco com Rock'n Roll. - ela teve vontade de quebrar o vidro com toda a violência do mundo. Respirou fundo e esbravejou:
_. Não acredito que você está falando isso! Não faz o menor sentido. Você não entende. No mínimo, não sabe lidar com esse tipo de coisa ainda. E eu vou fazer todo mundo saber, porque eu quero que saibam, e não me importo com o que você acha. E eu entendo muito, muito de rock'n roll! - Bufou e saiu do banheiro. Sentou-se nua na cama, se enrolou nos lençóis suados de sexo e pensou:
_. Que conversa foi essa? Gosto tanto de te olhar tomando banho, das suas curvas nada delicadas e da fumaça da água quente que sai de você. Mas não aguento suas ignorâncias. Arg! (Em que categoria se encaixam as musicistas então? Eu entendo muito mais de música que muita gente por aí, e escuto Pantera e Black Sabbath, e passo lápis e uso piercing, e compro livros e escuto cd's e se bobear ainda LP's e, bah!, você está errado e pronto. This is rock'n roll. Não discuta comigo!) - e respirou fundo. Bem fundo. - Puta pensamentinho machista e sem sentido! - ele, de toalha ainda, veio em sua direção. Olhou para a cara de desgosto dela. Deitou ao seu lado e roubou um abraço apertado:
_. Tá bom. Desculpa, vai. Desculpa. Eu sei. O nosso amor é muito rock'n roll, pequena.*

*Preciso dizer o que aconteceu com a toalha depois do pedido de desculpas?

domingo, 9 de maio de 2010

QG de fantasias

Entre fagulhas, angústias e medos, algumas conversas chegam até ela como que propositalmente. (E, sinceramente, o meu jeito de escrever chega a ser cansativo às vezes. Estou farta dele. Já não há mais sobre o que tanto falar e eu ainda insisto em insistir). Deixando os floreios de lado voltemos às fagulhas angústias e medos: ela disse que tudo hoje faz muito sentido em relação aos acontecimentos passados. Enquanto  isso, o Legião Urbana contaminava o ambiente com a cocaína em forma de tristeza. Quis dizer, na verdade, que lembrava dos momentos de criança, em que se trancava no quarto para ouvir músicas em uma fitinha cassete especial em que tinha de um lado Black Sabath e do outro Janis Joplin, além dos momentos em que ficava em silêncio, deitava no chão e ia de pedaço em pedaço copiando as letras que Renato Russo cantava só porque também queria saber Faroeste Caboclo de cor como todo mundo.
Entre suspiros angústias e indagações, lembrou dele e olhou milésimas vezes para o celular esperando que ele emitisse algum som. E na-da. Nada. Ele não toca. Ele não liga. A outra a lembrou que uma vez, nas férias, quando sua avó já deixara esta parte territorial do mundo, que todos os amigos vinham chamá-la para sair, brincar e se divertir -coisas de criança, e ela recusava. Preferia ficar entre televisões, livros e a fitinha do Black Sabbath. Na maioria das vezes ficava em seu quarto, lugar que na época servia de QG para suas fantasias. "Changes" começou a tocar no rádio, e uma lágrima silenciosa caiu de seus olhos. Não deixou que ninguém visse. "I'm going throug changes...".
Pensou que tudo hoje faz sentido. É hoje o que é porque é o que sempre foi.  Nada mudou.  Ainda é a mesma. Ainda é a mesma menina que se tranca em meio a livros, fitas cassetes e lápis e papéis. Com a diferença de que agora amores e desamores desgarrados cheios de paixões sem saber o porquê a preenchem. E não sabe o porquê de se entregar a eles. Ao menos sente.

Caio Fernando Abreu

"Para que não me firam, minto (...) E tomo a providência cuidadosa de eu mesmo me ferir, sem prestar atenção se estou ferindo o outro também." 

"No meu demente exercício para pisar no real, finjo que não fantasio. E fantasio, fantasio. Até o último momento esperei que v...ocê me chamasse pelo telefone. Que você fosse ao aeroporto. Casablanca, última cena."

_. Una mirada, no disse nada...

domingo, 2 de maio de 2010

Bernard Shaw

"The man who writes about himself and his own
time is the only man who writes about all people
and about all time... And so, let others cultivate
what they call literature: journalism for me!"



Journalism For Me 
Alves, Rubem