sexta-feira, 25 de junho de 2010

Só mais um tempinho, só mais um

Há um tempo já não escrevo nada aqui. Não por falta de inspiração, mas por falta dele, do tempo. As ideias vêm à cabeça, mas não há espaço ultimamente para ancora-lás em algo que seja palpável (ou não, como o blog), e já que ter cuidados necessários para conservar algo é o significado de manter, cuidar, comunico a vocês que este blog está temporariamente (mas só durante um tempinho) em processo de cuidados e manutenção.

Às vezes as ideias precisam de férias, mas há momentos em que é impossível segurá-las.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Vem, deita aqui. Repousa teu amor em mim. Esse lugar é teu. Alguém me disse uma vez que nada acontece por acaso e hoje eu entendi. Entendi que a que vim. E que esse ombro é teu. Aquele abraço foi o melhor do mundo. Aquela imagem de você me olhando, pedindo para que o abraço nunca mais terminasse não sai da minha cabeça. Ai! Porque eu não voltei? Quero te abraçar e não largar mais, até os meus braços não serem suficientes! Nunca mais! Você me prometeu, e há de cumprir. Meu Deus, você enxerga como eu. Vem, deita aqui. Repousa teu amor em mim. Vem cá que eu vou dizer pra você que vai ficar tudo bem. Sozinho você não está. Você me tem. Repousa aqui, vem. Vem que eu te mostro alguém a fim de te acompanhar se o acaso for te levar.

sábado, 22 de maio de 2010

Felicidade sim

_O que é isso?
_Depois eu explico!
_Não, explica agora!
_Tá, é um maço de cigarro.
_Ah, é? E desde quando você fuma?
_Desde ontem, quando eu comprei esse maço. Ah! 
Eu estava nervosa e com vontade, me deixa.
_Ah. - levantou-se bruscamente e foi para o outro lado.




_Tá vendo, era só o que me faltava agora. - resmungou para ela à sua frente.
_Você sabe que não precisa disso.
_Tá, eu sei. (Mas queria tanto que os meus vinte amigos dentro daquela caixinha se transformassem em pessoas. Talvez pudessem, como a composição de todo cigarro, serem passificadores de um stress passageiro).



_E aí, irmão, tem uma moedinha?
_Puts, cara, não tenho nada. Você tem?
_Espera. Nada aqui. Ah! Eu tenho um maço de cigarro, você quer?
Te dou inteiro e mais um isqueiro. Topa?
_Ôpa, tá brincando! - e o mendigo arregalou os olhos de Felicidade.
_Não, é todo seu. - e sorriu.
_É a solução para quem está tantando parar. - disse Ele.
_Cara, a gente fuma né, fuma. Mas sabia que fumar maconha é melhor do que cigarro? Obrigado, hein. Fica com Deus! - agradeceu o moribundo.

_Agora sim. Você me encheu de orgulho. - e deu o beijo mais doce Nela, sem nicotina alguma.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Dois baldes, um em cada mão

_Cara, deixa eu te contar uma coisa?
_Manda!
_SURTEI!
_Ah, tá. E como foi esse surto aí? Subiu num prédio com uma metralhadora?
_Hm, é... Quase isso. Metralhei lágrimas em uma lanchonete.
_Tenho dois ombros aqui e dois baldes, um em cada mão. Topas?

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Dilogando Filosoficamente

"Eu estava me sentindo muito triste. Você pode dizer que isso tem sido freqüente demais, ou até um pouco (ou muito) chato. Mas, que se há de fazer, se eu estava mesmo muito triste? Tristeza-garoa, fininha, cortante, persistente, com alguns relâmpagos de catástrofe futura. Projeções: e amanhã, e depois? e trabalho, amor, moradia? o que vai acontecer? Típico pensamento-nada-a-ver: sossega, o que vai acontecer acontecerá. Relaxa, baby, e flui: barquinho na correnteza, Deus dará. (...)

_tudo azul da cor do mar?
_tudo ficando azul da cor do mar. tô botando ordem no barraco. - risos. E tú?
_Súmemo, tem que dar a geral! Eu estou blues marinho.
_Blues marinho. E isso é bom? - risos.
_Pô isso é quase o top do melhor!
É nada. Tô bem, mas poderia estar melhor, e feliz por que poderia estar pior.
_Mas a vida é assim, meu bem . - risos.
Estamos todos no mesmo barquinho de vai e vem
_Eu até gosto desse vai e vem, o problema é que barquinho enjoa.
_É vero. Não tinha pensado nisso.

A questão é toda essa: fluir. Tão difícil deixar fluir. Mas é o que precisa ser feito agora. Virar barquinho, mesmo. Relaxar e observar o caminho, a paisagem, perceber minha respiração sempre tão junta da respiração do meu pequenino. E assim vamos fluindo, juntos. Correnteza leve, por favor. Que não estamos assim muito prontos pra grandes tormentas. Tá tudo bem na verdade. É só uma questão de se encontrar. Porque as vezes eu me perco e fico me procurando, e não me acho. Mas quem sabe assim, deixando que a água vá me levando, não dá certo, né? Deus dará..."
Caio F.

terça-feira, 18 de maio de 2010

O Rio de Janeiro continua lindo!

O Rio de Janeiro Continua cheio!
O Rio de Janeiro Continua sendo!
O Rio de Janeiro Fevereiro e águas de março!
Alô, alô, chuvarada
Aquele Abraço!
Alô torcida da esperança
Aquele abraço!
A polícia continua
Enchendo a pança dos bandidos
E buzinando para as moças
E comandando a massa
E continua achando que dá
As ordens no “terreiro”


Alô, alô, seu João da Padaria
Velho guerreiro
Alô, alô, Dona Maria dos quitutes
Rio de Janeiro
Alô, alô, senhor cidadão
Velho palhaço
Alô, alô, tia Cecília
Aquele Abraço!
Alô moça da favela
Aquele Abraço!
Todo mundo da Portela
Aquele Abraço!
Todo mês de fevereiro
Aquela chuva!
Alô Banda lá dos céus
Aquele Abraço!
O bombeiros continuam
Procurando nos destroços
E escavando para as vidas
E comandando o mutirão
E continua achando que dá
As ordens pro terreno
O caminho pelo mundo

Todos eles que traçaram
A Bahia já lhes deu
Régua e compasso
Quem sabe deles são eles
Aquele Abraço!
Prá você que lhes esqueceu
Chuááááááá!
Muita chuva!
Alô povo de baixo
Vá à merda!
Todo pobre brasileiro
Aquele Abraço!

sábado, 15 de maio de 2010

Utopia x Barbárie

Utopia é sonho. Barbárie é realidade. Utopia é sonhar. Barbárie é violência. Utopia é Thomas Morus. Barbárie é heavy metal. Utopia é Américo Vespúcio e Fernando de Noronha. Barbárie é revolução e guerra. Utopia é vida. Barbárie é morte. Utopia é antiga, velha. Barbárie é moderna, é nova, é fresquinha.

Utopia é a geração sonhadora de 1968. Barbárie é o ano 2000, o “Bug do Milênio” e as profecias de Nostradamus. Utopia é a mentira. Barbárie é a verdade. Utopia é a construção do muro. Barbárie é a queda do muro de Berlin. Utopia é socialismo. Barbárie é o neoliberalismo.

Utopia é sonho. Barbárie é a inauguração do séc. XXI. Utopia é tragetória. Barbárie é distinção. Utopia é revolução. Barbárie é golpe. Utopia é dormir. Barbárie é acordar. Utopia é escola de Frankfurt. Barbárie é Marshall McLuhan. Utopia é calmaria. Barbárie é tumulto de ideias. Barbarie é vida. Barbárie é sentir. Barbárie é instinto.

Utopia é bobeira. Barbárie é inteligência. Utopia é ordem. Barbárie é desordem. Utopia é navegar. Barbárie é ancorar. Utopia é ler. Barbárie é queimar. Utopia é governar. Barbárie é revolucionar. Utopia é sonhar com a sociedade perfeita. Barbárie é ligar a televisão.

E ah, era exatamente isso que eu queria dizer.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Rick Martin é cria da Madonna

Há um tempo, nos tablóides, as manchetes principais eram, "Madonna quer dar a luz a um filho de Jesus Luz”: a queridinha do pop americano de vanguarda, Madonna, de 51 anos – idade da minha mãe – andou consultando especialistas em fertilidade, porque quer ter um bebê com Jesus Luz, seu atual namorado há dois anos, de 22 anos e também, modelo e DJ e brasileiro nas horas vagas.

Segundo o The Sun, a Rainha do Pop que já tem quatro filhos, dois biológicos, filhos de Guy Ritchie e outros dois adotados, quer porque quer tentar uma nova gravidez. Afinal, logo irá completar 52 anos e certamente fica complicado dar a luz – não para Madonna, ui! – nesta idade. Realmente, proezas assim são só dignas de rainhas, não? Ninguém segura essa mulher. Haja, luz, Jesus!

Mais tarde, entre as mais lidas estava a manchete, "Madonna e Jesus Luz terminaram, diz tabloide britânico" . Motivo? A grande diferença de idade e agenda atribulada de ambos. É. C'est la vie. Mas nada aconteceu, depois de todas as falácias, a Madonna apareceu no carnaval e claro, estão juntos até hoje. Mas, você deve estar se perguntando, “o que isso tem a ver com o Rick Martin?”.


Quando me pediram para escrever um texto sobre ele ter assumido sua homossexualidade, logo pensei em grandes polêmicas. E a Madonna é a rainha delas. Desde o começo de sua carreira foi revolucionária, quebrou tabus, abusou da sexualidade e até hoje causa frisson na grande imprensa e em modelos brasileiros como vimos anteriormente.

Em março deste ano, Rick Martin assumiu sua homossexualidade para quem quisesse ouvir. Ou melhor, ler. O cantor latino escreveu em seu site, “Juro a vocês que cada palavra que estão lendo é fruto de amor, purificação, aceitação e desprendimento. Escrever essas linhas significa ter paz interna, parte vital da minha evolução”.

Ao fazer este movimento de auto-aceitação, o cantor, que tem dois filhos gêmeos adotivos, criou uma polêmica. Algumas vozes diziam que só não via que ele era gay quem não quisesse e que ele ter assumido não foi novidade nenhuma. Outros já diziam que era uma pena, afinal, bonito do jeito que é, seria um desperdício.

Mas não se trata disso. A questão não é esta. O buraco, definitivamente é mais embaixo. O fato é que não há problema nenhum em assumir a homossexualidade ou ter um namorado muitos anos mais novo que você. O grande incômodo é que são pessoas públicas e tem, de certa forma, que se reportar à sociedade para garantir sua tranqüilidade ao deitar a cabeça no travesseiro. O que jamais deveria acontecer.

Mudou algo na sua vida saber que Rick Martin é homossexual, ou que a Madonna namora e quer ter um filho legítimo de Jesus Luz? Um é cria do outro. Ela puxou a fila, e ele é apenas mais uma das crias que, como ela, revoluciona e incomoda a chamada, “vida em sociedade”. É uma bela cutucada. Deixa ser gay. Deixa ser diva. Deixa que tenham filhos e sejam felizes de carne e osso como são. Eles podem.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Preciso dizer o que aconteceu com a toalha?

Olhou pra ele, e deu um beijo no vidro suado do calor que vinha da água do chuveiro.
_. Sabe, namorar atrapalha às vezes. - arregalou os olhos:
_. Como é? Ué, então porque você namora? - Continuou a se ensaboar:
_. Pelo simples fato de que eu amo você? Será que é por isso? - ficou pensativa. Ele continuou:
_. É que assim, não é bom que as pessoas saibam, entende? Não é bom para o meu status. -continuou a se ensaboar, e vezenquando bebia a água do chuveiro e cuspia - E outra, meninas não combinam nem um pouco com Rock'n Roll. - ela teve vontade de quebrar o vidro com toda a violência do mundo. Respirou fundo e esbravejou:
_. Não acredito que você está falando isso! Não faz o menor sentido. Você não entende. No mínimo, não sabe lidar com esse tipo de coisa ainda. E eu vou fazer todo mundo saber, porque eu quero que saibam, e não me importo com o que você acha. E eu entendo muito, muito de rock'n roll! - Bufou e saiu do banheiro. Sentou-se nua na cama, se enrolou nos lençóis suados de sexo e pensou:
_. Que conversa foi essa? Gosto tanto de te olhar tomando banho, das suas curvas nada delicadas e da fumaça da água quente que sai de você. Mas não aguento suas ignorâncias. Arg! (Em que categoria se encaixam as musicistas então? Eu entendo muito mais de música que muita gente por aí, e escuto Pantera e Black Sabbath, e passo lápis e uso piercing, e compro livros e escuto cd's e se bobear ainda LP's e, bah!, você está errado e pronto. This is rock'n roll. Não discuta comigo!) - e respirou fundo. Bem fundo. - Puta pensamentinho machista e sem sentido! - ele, de toalha ainda, veio em sua direção. Olhou para a cara de desgosto dela. Deitou ao seu lado e roubou um abraço apertado:
_. Tá bom. Desculpa, vai. Desculpa. Eu sei. O nosso amor é muito rock'n roll, pequena.*

*Preciso dizer o que aconteceu com a toalha depois do pedido de desculpas?

domingo, 9 de maio de 2010

QG de fantasias

Entre fagulhas, angústias e medos, algumas conversas chegam até ela como que propositalmente. (E, sinceramente, o meu jeito de escrever chega a ser cansativo às vezes. Estou farta dele. Já não há mais sobre o que tanto falar e eu ainda insisto em insistir). Deixando os floreios de lado voltemos às fagulhas angústias e medos: ela disse que tudo hoje faz muito sentido em relação aos acontecimentos passados. Enquanto  isso, o Legião Urbana contaminava o ambiente com a cocaína em forma de tristeza. Quis dizer, na verdade, que lembrava dos momentos de criança, em que se trancava no quarto para ouvir músicas em uma fitinha cassete especial em que tinha de um lado Black Sabath e do outro Janis Joplin, além dos momentos em que ficava em silêncio, deitava no chão e ia de pedaço em pedaço copiando as letras que Renato Russo cantava só porque também queria saber Faroeste Caboclo de cor como todo mundo.
Entre suspiros angústias e indagações, lembrou dele e olhou milésimas vezes para o celular esperando que ele emitisse algum som. E na-da. Nada. Ele não toca. Ele não liga. A outra a lembrou que uma vez, nas férias, quando sua avó já deixara esta parte territorial do mundo, que todos os amigos vinham chamá-la para sair, brincar e se divertir -coisas de criança, e ela recusava. Preferia ficar entre televisões, livros e a fitinha do Black Sabbath. Na maioria das vezes ficava em seu quarto, lugar que na época servia de QG para suas fantasias. "Changes" começou a tocar no rádio, e uma lágrima silenciosa caiu de seus olhos. Não deixou que ninguém visse. "I'm going throug changes...".
Pensou que tudo hoje faz sentido. É hoje o que é porque é o que sempre foi.  Nada mudou.  Ainda é a mesma. Ainda é a mesma menina que se tranca em meio a livros, fitas cassetes e lápis e papéis. Com a diferença de que agora amores e desamores desgarrados cheios de paixões sem saber o porquê a preenchem. E não sabe o porquê de se entregar a eles. Ao menos sente.

Caio Fernando Abreu

"Para que não me firam, minto (...) E tomo a providência cuidadosa de eu mesmo me ferir, sem prestar atenção se estou ferindo o outro também." 

"No meu demente exercício para pisar no real, finjo que não fantasio. E fantasio, fantasio. Até o último momento esperei que v...ocê me chamasse pelo telefone. Que você fosse ao aeroporto. Casablanca, última cena."

_. Una mirada, no disse nada...

domingo, 2 de maio de 2010

Bernard Shaw

"The man who writes about himself and his own
time is the only man who writes about all people
and about all time... And so, let others cultivate
what they call literature: journalism for me!"



Journalism For Me 
Alves, Rubem

segunda-feira, 26 de abril de 2010

.

Se não fora o farol da esperança, 
que seria de nós, míseros navegantes, 
neste mar tenebroso que é a - Vida ?



sábado, 24 de abril de 2010

Sobre vagalumes e serpentes

Essa é a história da serpente que desceu do morro para procurar um pedacinho do seu rabo.

Ei, você também é um pedacinho do meu rabãããão!

- Quando pequeno, cantava em roda com os colegas de escola esta musiquinha. Quem fosse apontado pela líder da brincadeira no momento do "Ei, você também é um pedacinho do meu rabãããão!", ia para o meio da roda e tinha que ficar ali até o fim da brincadeira ou simplesmente saía da roda, e abria um espaço para que outras pessoas dessem as mãos.

- Engraçado, né? Às vezes me vem à cabeça esta brincadeira, e penso que nós sempre procuramos um pedacinho do nosso rabo. Procuramos, procuramos. E, como na música, que é cantada diversas vezes, nós pegamos, eliminamos, e partimos para outra eliminação até sobrar apenas um. Este, que deveria ser o único pedaço do rabo que faltava.

- Mas sabe, acredito que é também uma questão de querer. De querer procurar. O procurar pelo rabo, pela metade da laranja, pelo elo perdido, por todas as coisas que fazem falta aos seres ditos humanos. Que seria deles sem a procura eterna por algo que não se sabe o que é, e nem o que pode vir a ser? Apenas se vive. E às vezes, se corre atrás do pedacinho do rabo.

- O grande problema é quanto o outro invade. É aquela história: eu também sou uma serpente, eu também tenho um rabo, e eu também quero achar o meu pedacinho. Sabe a história do vagalume e da serpente? "Eu não brilho e tú não brilharás também". Compreende? Aí já rende outra história...

quinta-feira, 22 de abril de 2010

4

Só sei que me sinto cheia, repleta - disse a si mesma, ao olhar naqueles olhos que não eram quaisquer. E... Então os meus braços não vão ser suficientes pra abraçar você e a minha voz vai querer dizer tanta mas tanta coisa que eu vou ficar calada um tempo enorme só olhando você sem dizer nada por...que porque o ter e o querer (quando sinceros) são maiores do que qualquer turbilhão e olhando para você eu não vejo mais nada do que o meu reflexo nos seus olhos e penso que às vezes você me dói tanto mas tanto que eu nem consigo respirar mas ao mesmo tempo a minha voz quer dizer tanta mas tanta coisa que eu fico um tempo enorme só olhando para você sem dizer nada absolutamente nada porque cada vez mais os meus braços não vão ser suficientes para abraçar você ai que vontade de você ai que vontade de não deixar que nada nem ninguém faça do que sinto em te abraçar algo que não é e olhando para você eu não vejo mais nada do que o meu reflexo nos seus olhos e penso que às vezes você me dói tanto mas tanto que eu nem consigo respirar mas ao mesmo tempo a minha voz quer dizer tanta mas tanta coisa que eu fico um tempo enorme só olhando para você sem dizer nada



e enfim, respirar.




quarta-feira, 24 de março de 2010

Sobre como matar leões e enterrá-los de vez

Aprende!
Que já é.
Que fez.
Que aconteceu.
Que será.
Que têm.
Que existe.

Percebe!
O outro.
A cova.
A história.
O perigo.
As garras.
Os dentes.

Mata!
Arranca!
Queira.
Viva.
Respire.
Sinta.
Pense.

Enterra!
A juba.
Os pêlos.
Os dentes.
Os fatos.
Os cortes.
As marcas.
E a bala.

Faça-o a toda hora, a todo o tempo

e em todo santo - que seja! - (non lion sit mihi dux) dia,

em que te jogarem às covas com ou sem eles, os Leões.

domingo, 7 de março de 2010

segunda-feira, 1 de março de 2010

Vida que segue

Chuva. Frio. Suor. Sono. Despertador. Barulho. Luz do dia. Hora de acordar. Preguiça. Café. Não tem. Pão. Com manteiga. Água. Remédio. Banho. Toalha. Creme. Cabelo. Pente. Escova. Dente. Telefone. Namorado. Mochila. Caderno. Crachá. Telefone. Bom dia. Mãe. Dormindo. Chuva. Guarda-chuva. Tempo frio. Blusa. Um beijo. Bom dia. Até. Um aceno. O portão. O jornal. O porteiro. A rua. As pessoas. O iPod. O som. Rock. Animado. Ritmo. Batida. Acorda. Vai. Vem. Relógio. Atraso. Vento. Frio. Descida. Metrô. Tropeço. Bilhete. Catraca. Escada. Rolante. Música. Voz em off. Estação. Oito. Multidão. Guarda-chuva. Escada. Parada. Ponto. Ônibus. Enxurrada. Molhada. Água. Chega. Bate. Porta. Lousa. Cadeira. Colegas. Caderno. Mochila. Esquenta. Senta. Para. Escuta. Ouve. Espera. Fala. Se cala. Agenda. Escreve. Caderno. Caneta. Lápis. Televisão. Prejetor. Tupi. Chatô. Jornalismo. Vida. Fome. Intervalo. Desce. Chuva. Frio. Fila. Pedido. Cartão. Pagamento. Pernas. Olhos. Ouvidos. Nariz. Gelado. Pão. Queijo. Chá. Mate. Limão. Fim. Primeira. Segunda. Ciência. Política. Thomas. Hobbes. Homem. Lobo. Homem. Vida. Poder. Escreve. Caneta. Entra. Sai. Bate. Porta. Desinteresse. Interesse. Vida. Poder. Escreve. Caneta. Lápis. Pensa. Debate. Paixão. Sinal. Horário. Avenida. Esquina. Vida. Expectativa. Esquina. Chuva. Rasa. Garoa. Guarda. Música. iPod. Pantera. Namorado. Pingos. Respingos. Telefone. Telefone. Cólica. Rim. Dor. Suor. Vigor. Garganta. Frio. Preguiça. Sobe. Desce. Música. iPod. Prédio. Chega. Interfona. Espera. Sobe. Bate. Porta. Cumprimenta. Bronca. Hospital. Cobertor. Sofá. Frio. Preocupação. Fome. Banho. Almoço. Espera. Comida. Suco. Sobremesa. Frio. Garoa. Aconchego. Preguiça. Tempo. Escasso. Sobe. Desce. Namorado. Coberta. Carinho. Preocupação. Beijo. Tchau. Tempo. Escasso. Trabalho. Escova. Cabelo. Dente. Maquiagem. Remédio. Senta. Computador. Quebrado. Inativo. Corre. Telefone. Liga. Vai. Volta. Corre. Senta. Levanta. “Parabéns!”. Faz. Resolve. Olha. Telefone. Não. Toca. Saudade. Porque? Acontece. Sobrenome. Vista. Cansada. Senta. Conecta. Funciona. Planilha. Trabalho. Trabalho. Trabalho. Comentários. Planilha. Crossmedia. Comentário. Trabalho. Trabalho. Trabalho. Televisão. Programação. Jornal. Vida. História. Imposto. Renda. E-mail. MSN. Corre. Envia. Manda. Checa. Atende. Vai. Volta. Fita. Tape. 1, 2, 3. Respira. Vida. Segue. Senta. Repórter. Escreve. Pesquisa. Corre. Computador. Um. Outro. Pula. Senta. Levanta. Vem. Vai. Dor. Cabeça. Tudo. Nada. Hora. Extra. Nove. Meia. Telefone. Proposta. Recusa. Telefone. Parabéns. Saudade. Amiga. Ajuda. Indica. Bom. Muito. Sempre. Prestígio. Luz. Fim. Tchau. Beijo. Rua. Casa. Frio. Vento. Sentidos. Gosto. Suor. Corrida. iPod. Cansaço. Mental. Físico. Pernas. Dor. Pé. Gelado. Casa. Quente. Comida. Fome. Telefone. Namorado. Conversa. Falta. Raciocínio. Queixa. Saudade. Carência. Amizade. Querer. Conversa. Franca. Mãe. Chega. Rua. Bruta. Luta. Ama. Gama. Gana. Sana. Janta. Risada. Conversa. Vídeo. Computador. Economia. Dinheiro. Vontade. Preocupação. Cafécompão-cafécompão-cafécompão. Cecília. Mário. Ajuda. Socorre. Sono. Trabalho. Colômbia. Chile. Terremoto. Cartagena. História. Vida. Pessoas. Complicações. Relações. Pensamentos. Irritações. Preocupações. Conversa. Estranho. Banho. Fim. De tudo. Cansaço. Lua. Cheia. Unhas. Roídas. Dor. Garganta. Febre. Pés. Frios. Você. Longe. De mim. Quem. Se importa. Afinal. A sós. Nós. Mundo. Vida. Que segue. Enfim. Ufa! Respirar.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

3

Como as pedras imóveis na praia eu fico ao seu lado sem saber dos amores que a vida me trouxe e eu não pude viver. 

Eu perdi o meu medo. O meu medo, o meu medo da chuva. Pois a chuva voltando pra terra traz coisas do ar.
 
- Sorrateiramente ela vai perdendo o medo da chuva. O único problema são os respingos. O orvalho. E o calor que sobe do chão quando chega a calmaria. Como nos dias de verão, espera que tudo seja uma leve brisa em um dia ensolarado, apenas com uma garoa fina. - ao olhar fundo em seus olhos, pode ler nas entrelinhas.

Aprendi o segredo, o segredo. O segredo da vida vendo as pedras que choram sozinhas no mesmo lugar. Eu não posso entender tanta gente aceitando a mentira de que os sonhos desfazem aquilo que o padre falou. 

Porque quando eu jurei, meu amor, eu traí a mim mesmo.  Hoje eu sei que ninguém nesse mundo é feliz tendo amado uma vez... Uma vez.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

2

“Meu coração vive de poesia. É abobalhado. Carente. Intenso. Bossa Nova. Cada batida é uma latência emocional. Não sei viver sem ser assim. As palavras me faltam. Nunca sei descrever exatamente o que senti no dia anterior. As palavras! Elas que tanto me escolhem, me deixam de lado quando mais preciso. Deixo a razão de lado. Sinto forte a batida e não penso em mais nada. Ou em tudo. No todo. No engodo. E para que? Entre o certo e o errado, eu prefiro a verdade. E quê? Qual verdade? De que estou a falar? A minha. A minha verdade. Aquela que não existe. Aquela que sinto do lado esquerdo. Aquela que dói. Aquela em que acredito que seja mutável, e que me leva até você – seja lá quem você for”. – pensou em silêncio. Só os ventos puderam sentir.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

1

 “Me peguei a pensar em você. Além disso, procurei algo que encaixasse perfeitamente em você. Pensei em Caio, Clarice, Cecília, Drummond e até em Pessoa, mas nada achei. Na verdade, não procurei com afinco. Não por descaso, mas sim por culpa de certos pensamentos. Pensamentos estes que não me saem da cabeça. Só pensava no que tinha acontecido na noite anterior e em como eu queria que aquele momento, exatamente aquele momento em que você puxou o meu braço e me levou em direção a você fosse eterno, e em como você me vê de um jeito encantador e estranho ao mesmo tempo, que me entontece. Sinto o cheiro da chuva. Não quero. Não espero. Tenho medo.  Não quero que isso – e você sabe do que falo- se dissipe em algumas nuvens que possam chegar e trazer a chuva”, disse ela com os olhos.

Alguma coisa acontece no meu coração

"Ultimamente ando muito MPB"; "É que MPB tem poesia"; "É que é brasileira"; "É que Música Popular Brasileira é algo que não tem definição".

C'est la vie

Há mais ou menos duas semanas atrás, nos tablóides, as manchetes principais eram assim:

"Madonna quer dar a luz a um filho de Jesus Luz"
E eu escrevi, porém não publiquei:

A queridinha do pop americano de vanguarda, Madonna, de 51 anos – idade da minha mãe – andou consultando especialistas em fertilidade, porque quer ter um bebê com Jesus Luz, seu atual namorado há dois anos, de 22 anos e também, modelo e DJ e brasileiro nas horas vagas.
Segundo o The Sun, a Rainha do Pop que já tem quatro filhos, dois biológicos, filhos de Guy Ritchie e outros dois adotados, quer porque quer tentar uma nova gravidez. Afinal, logo irá completar 52 anos e certamente fica complicado dar a luz – não para Madonna, ui! – nesta idade. Realmente, proezas assim são só dignas de rainhas, não? Ninguém segura. Haja, luz, Jesus!

Agora, entre as mais lidas está a manchete:

"Madonna e Jesus Luz terminaram, diz tabloide britânico" 

Motivo? A grande diferença de idade e agenda atribulada de ambos. É. C'est la vie. Mas ó, fiquem tranquilos. Depois de todos os encantos, a Madonna tem presença garantida do carnaval carioca.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

A vida é simples

Um pé atrás é mais simples ainda. A premissa do pensamento de que tudo vai dar errado faz avançar ainda mais.


Talvez a chave para descascar os abacaxis da vida?

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Armadilha

Sonhei esta noite que eu ia casar com meu primo. Sem maquiagem, sem buquê, e de verde só para piorar.
Aí, entrei no twitter e o Carpinejar tinha twitado:
O sonho apenas me mostra o quanto sou analfabeto emocional. Não havia compreendido nada do que senti no dia anterior.

Faz todo o sentido. Analfabetos emocionais, uni-vos!
Inteligência emocional não é um privilégio de todos. Tem alguns que são tão, mas tão burros que colocam o sentimento na frente. Nunca compreendo nada do que senti no dia anterior. Levanta a mão quem está comigo! Eeeeee o/

Voltando...

Não caí na armadilha. Não tenho nenhuma atração por algum primo meu, não quero casar de verde, sem buquê e muito menos sem maquiagem. O único fato que coincidiu é que vou entrar sozinha, um dia, se eu casar. Em um detalhe sórdido do sonho, eu encontrei com o meu pai. Ele estava vestido do jeito mais simples possível. Calça jeans e camiseta polo. Alguém é contra eu entrar sozinha? Acho que não, né (risos). Não é a roupa, mas a circunstância. Agora, por favor, não me pergunte o que uma coisa tem a ver com a outra.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Convívio público é mal avaliado em São Paulo

“E à mente apavora o que ainda não é mesmo velho
Nada do que não era antes quando não somos mutantes”
Sampa – Caetano Veloso


Em São Paulo existe uma força da grana que ergue e destrói coisas belas; da feia fumaça que sobe, apagando as estrelas. Mas também, quem vende outro sonho feliz de cidade aprende depressa a chamar-te de realidade. Sabe por quê? Porque São Paulo é o avesso do avesso do avesso do avesso.
Porém, parece que para a maioria dos Paulistanos, ou seja, 57% do povo que vive na terra da garoa, ou como diria Caetano, do povo oprimido nas filas, nas vilas, nas favelas o desejo de deixar a cidade é algo bem vivo dentro de seus anseios e vontades.
Na Pesquisa Ibope encomendada pelo Movimento Nossa São Paulo, foram avaliados pontos positivos e negativos. Contatou-se que os pontos positivos estão ligados principalmente ao que diz respeito ao mundo particular do indivíduo e quiçá ao bem-estar em detrimento do convívio público.
As áreas que foram mais bem avaliadas são todas ligadas aos próprios indivíduos: relações humanas (6,5), religião e espiritualidade (6,3), trabalho (6,2) e sexualidade (5,4). Por outro lado, receberam as piores notas as questões ligadas aos aspectos sociais e de responsabilidade dos poderes públicos.


Vamos s’imbora pra Pasárgada?

domingo, 24 de janeiro de 2010

Caixinha da Sorte

"Enquanto o mundo de seus pensamentos continuar tumultuado, não será possível ver a realidade a perceber que ela oferece oportunidades fantásticas com sua habitual generosidade. Decida superar o tumulto".


Tirei o papel enquanto Toquinho e Vinícius cantavam:
Mesmo com toda a fama, com toda a brahma; Com toda a cama, com toda a lama; A gente vai levando, a gente vai levando, a gente vai levando; A gente vai levando essa chama!
Mesmo com todo o emblema, todo o problema; Todo o sistema, todo Ipanema; A gente vai levando, a gente vai levando, a gente vai levando; A gente vai levando essa gema!

Existem coisas na vida das quais até Deus duvida.

Tom Waits, beatnik!

Conhece? Não? Deveria! Sir. Thomas Alan Waits é músico, instrumentista, compositor, cantor, ator e mais todo aquele blá-blá-blá. Nascido em Pomona, na Califórnia, tem uma voz rouca de enlouquecer. Não se prende a um gênero determinado, sabe? E é isso que mais gosto nele – depois da voz rouca, claro.



http://www.youtube.com/watch?v=qVaEPx_VyXs

sábado, 23 de janeiro de 2010

“Cabo mata carcereiro em posto”

Um tiroteio em um posto de gasolina no Jardim Robru, zona leste de São Paulo, na madrugada de terça-feira desta semana, terminou com a morte do carcereiro Alessandro Cunha, da 7º Seccional, e a prisão do cabo Aldo Alessandro Pires, da 1º Companhia do 48º Batalhão da PM.
Há três versões da história: a primeira é de que Cunha, de 36 anos, e um amigo pretendiam assaltar o estabelecimento. A outra é de que o carcereiro tentou abordar o PM, de 34 anos, e foi recebido a tiros. A última é de que existia um desentendimento entre os dois. A Corregedoria das Polícias Civil e Militar investigam o caso.

A verdade pode ser o que você quiser. Apenas um ponto de vista. Não se define nem aceita. Não se pode alcançar. Não é uma certeza. A mentira é indecifrável. 


Em qual versão acreditar?

A saga do herói de Saramago

Caim, primogênito de Adão e Eva, é o nome do mais recente livro de José Saramago. Nele, a saga de Caim após matar cruelmente seu irmão Abel, é descrita de um modo dinâmico e irônico, que chega a divertir. Isso porque, além de condenado a andar errante pelo mundo, sem se dar conta, Caim dorme e acorda em épocas e situações diferentes. Assim, o autor faz com que o personagem participe de várias passagens do Antigo Testamento, e até chegue ao cúmulo de alterar o destino da Arca de Noé.
Um Deus que castiga, impiedoso, prepotente e que anseia por varrer da terra todos os homens de bem e também os que não são, é o Deus de Saramago. Caim, em sua jornada, desafia a todo o tempo o "todo-poderoso", que em dado momento é até chamado de “filho-da-puta”, literalmente.  Saramago disse em entrevista à Folha de São Paulo que, por meio dele, tenta expor a "infinita dimensão da estupidez humana", capaz de acreditar em fábulas como essas. "Caim é o que nasceu para ver o inenarrável, caim é o que odeia deus", escreveu o escritor.
O livro contém um dos diálogos mais interessantes entre um homem e uma mulher. Em determinado momento, Caim se torna homem de Lilith e ao voltar a ela -porque, afinal de contas, é condenado a ser um andarilho por toda a eternidade –os dois têm uma conversa em que Caim faz um resumo de tudo o que viu: “O que não pode ser bom é um Deus que dá ordem a um pai que mate e queime na fogueira seu próprio filho só para provar a sua fé, isso nem o mais maligno dos demônios o mandaria fazer”.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Perdidos e nunca buscados

Segundo informa um grande jornal da capital paulista, usuários de trens e metrôs esqueceram 34 mil objetos nas estações da cidade de São Paulo. Mesmo disponíveis por 60 dias na seção de Achados e Perdidos, apenas 21 por cento dos itens foi procurado por seus donos.  Além de itens comuns - daqueles que se perdem o tempo todo -, como documentos e celulares, o setor de Achados e Perdidos do metrô informou que objetos como dentaduras, carrinhos de supermercado e cadeiras de rodas também aparecem por lá (?).



Qual o real valor das coisas? 
Estranho é não sentir falta. O fato de não ir resgatar é o que mais assusta.  Princípio do desprendimento material? Aham, uh!

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

É o que eu sempre digo

Quanto maior for o número de pessoas beneficiadas com seus projetos, maior será também seu benefício particular. Esses benefícios não são apenas recursos materiais, se estendem ao mundo subjetivo que guarda tesouros. (via – horóscopo do dia).

Cruzes! A previsão diz, "vem mais chuva por aí".

Se eu cansei de 2009, não sei o que vou sentir em relação a 2010 quando chegar ao fim. Começamos "bem": Angra dos Reis comemorando a chegada do ano com um deslizamento que matou várias pessoas na Ilha do Bananal; mais acidentes e casos de enchentes por causa das fortes chuvas - que dizem ser de verão; tremores de terra no Rio Grande do Sul que foram sentidos até em outros países; tragédia no Haiti, a morte de centenas de pessoas, soldados brasileiros e da médica Zilda Arns. Mal nasceu e já tem que andar com as próprias pernas. Pobrezinho.
Ano de São Jorge, padroeiro da justiça, 2010 parece que ter que lutar e usar suas armas para reconstruir muita coisa desde o começo.  Dizem ser também o ano da casa três, que simboliza a tríplice aliança (pai, filho e espírito santo) e dizem – novamente- que quem irá comandar, será Nossa Senhora. Na astrologia é o ano de Vênus, ou seja, ano das mulheres (arriba!). Parece que algo conspira a favor. Ufa! Podemos respirar?
Ontem vi no noticiário que uma senhora, depois de salvar três crianças, morreu soterrada. A manchete era esta. Mas a história vai um pouco mais além:  era avó das três crianças que foram salvas. Elas estavam em sua casa na cidade de São Bernardo do Campo, na capital paulista, quando uma grande chuva fez a casa desabar. Só deu tempo de empurrar as três crianças para fora.
Hoje o tempo está nublado em pleno verão. Depois de chover cerca de 55 mm durante a madrugada, as marginais ficaram alagadas, avenidas e ruas interditadas, rios a cima do nível normal, Ceagesp debaixo d'água, pessoas ilhadas, vários acidentes e mais uma morte: um senhor de 75 anos, aposentado, morreu soterrado na Pompéia. Além dos casos que ficam anônimos e ninguém nunca fica sabendo.
Como dizem, depois da tempestade sempre vem a bonança. Mas.... Alguns gostam mais da tempestade e de árvores entortando com o vento, do que de um céu azul calmo acompanhado pelo Sol. Quem sabe Deus, a Virgem Santíssima, e claro, São Pedro aparecem por aí e expliquem algumas coisas. Ou pelo menos que apareçam para jogar confete, serpentina - para colorir-, BomAr, - para trazer bons ares- água benta -para exorcisar-, ou qualquer outra coisa que seja eficaz. Ninguém aguenta mais. Como dizem algumas Drag Queens por aí, só para dar uma risadinha em meio ao caos: “Muita purpurina! Ilumina!”. 2010 está precisando.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Os tempos de Rubem Alves

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Mas há outro tipo de escritura que não tem prazo de validade. Nenhuma data informa a sua idade porque a sua idade não importa: ela nunca fica velha.

Quem entende isso são os poetas e os místicos. Poesia não tem data, está sempre jovem, não envelhece com a passagem do tempo -porque ela nasce de um outro tempo. O místico Ângelus Silésius explicou assim: "Temos dois olhos. Com um, vemos as coisas eternas, que permanecem. Com o outro, as coisas efêmeras, que desaparecem". Então, há dois tempos, um tempo das coisas que não passam e, portanto, não têm prazo de validade, e um tempo das coisas que valem só por um dia e logo desaparecem...

Aquilo que o tempo comeu, o tempo trará de volta. Como diz absurdamente o livro do Eclesiastes: "Lança o teu pão sobre as águas porque depois de muitos dias o encontrarás...". Pão sobre as águas do rio. As águas do rio passam e dissolvem o pão. As águas voltam -porque o rio é circular- e com elas volta também o pão. Tudo se repete. Não leio de novo o jornal de ontem. Ele está morto. Mas leio de novo, muitas vezes, o poema que já li, e sempre que o faço a vida ressuscita.
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